06 março 2023

Aporofobia: o ódio aos pobres, no seculo 21

06.03.2023

Editado por Irineu Messias

A aporofobia, ou o medo ou aversão aos pobres, é um fenômeno social e cultural que tem sido cada vez mais discutido no século 21. Embora o termo tenha sido cunhado em 1994 pelo filósofa espanhola Adela Cortina(foto ao lado), a aporofobia tem raízes históricas e está profundamente enraizada na forma como as sociedades lidam com a pobreza e a desigualdade.

A aporofobia é uma forma de discriminação que muitas vezes é invisível e sutil, mas que pode ter efeitos profundos e duradouros na vida das pessoas. Pode se manifestar de várias maneiras, desde a exclusão social e a marginalização até a violência e o abuso físico. Em muitos casos, a aporofobia é associada a outros tipos de discriminação, como o racismo e o sexismo, criando um ciclo vicioso de opressão e exclusão.

Livro de Adelia Cortinha, sobre a aporofobia.

Uma das principais razões pelas quais a aporofobia é tão prevalente na sociedade é porque a pobreza é frequentemente vista como uma falha pessoal. Muitas pessoas acreditam que aqueles que são pobres ou estão em dificuldades financeiras são assim porque não trabalharam duro o suficiente ou não se esforçaram o bastante. Isso leva a uma cultura de culpa e vergonha em torno da pobreza, o que por sua vez pode tornar as pessoas ainda mais vulneráveis ​​à discriminação.

Além disso, a aporofobia é frequentemente perpetuada por sistemas políticos e econômicos que favorecem os ricos em detrimento dos pobres. Políticas como a austeridade fiscal, que cortam programas sociais e de assistência, têm um impacto desproporcional sobre as pessoas mais pobres e marginalizadas da sociedade. Isso pode levar a um ciclo vicioso de pobreza, falta de oportunidades e exclusão social.

A aporofobia também pode ser vista em como a mídia retrata a pobreza. Na maioria das vezes, a pobreza é retratada como uma questão de escolha pessoal ou de comportamento individual. Isso pode levar a uma falta de empatia e compreensão em relação àqueles que vivem em situação de pobreza e pode perpetuar estereótipos negativos e prejudiciais.

Para combater a aporofobia, é preciso que haja uma mudança fundamental na forma como a sociedade enxerga a pobreza e a desigualdade. É necessário que se compreenda que a pobreza é um problema sistêmico que afeta a todos nós, e que devemos trabalhar juntos para encontrar soluções. Isso significa criar políticas públicas que abordem as raízes da pobreza e da desigualdade, e garantir que todos tenham acesso às mesmas oportunidades e recursos.

Além disso, é importante que a mídia e os líderes de opinião mudem a maneira como falam sobre a pobreza e a desigualdade. Em vez de culpar as pessoas pobres por sua situação, devemos ouvir suas histórias e lutar por mudanças que as ajudem a sair da pobreza e a alcançar seu potencial máximo.

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