26 julho 2022

ISLAMISMO: O calvário das conversões religiosas 'unilaterais' na Malásia

26.07.2022
Do portal MICROSOFT START, 25.07.22
Por 

Loh Siew Hong, uma jovem malaia, conta que seu marido abusou brutalmente dela, batendo em sua cabeça e quebrando seu tornozelo, antes de fugir com seus filhos e convertê-los ao islamismo.

Loh Siew Hong com seus filhos nas margens de um rio em Gombak, Malásia

Após uma longa batalha judicial e muito sofrimento, a Justiça decidiu a seu favor e em fevereiro Loh finalmente se reuniu com suas filhas gêmeas de 14 anos e filho de 11 anos. "Foi uma tortura para mim", diz a mulher de 35 anos à AFP sobre o tempo que passou longe dos filhos. 

"Eu me perguntava se meus filhos tinham o suficiente para comer, se eles dormiam bem. Estava preocupada que meu ex-marido iria espancá-los e torturá-los como fez comigo", acrescentou. 

É o caso mais recente da chamada "conversão unilateral" ao Islã na multiétnica Malásia, onde um dos pais converte a criança à sua religião sem consultar o outro. 

A questão se tornou um campo de batalha entre os radicais islâmicos e aqueles que buscam defender os direitos das minorias. 

Os malaios muçulmanos representam mais de 60% da população de 32 milhões de habitantes, enquanto um quarto dos habitantes é de origem chinesa e há minorias significativas, particularmente a minoria indiana.

Embora as comunidades muitas vezes vivam em harmonia, alguns alertam que décadas de uma política pró-malaia abalaram as relações, enquanto a versão tradicionalmente moderada do Islã no país perde terreno diante da crescente radicalização. 

Em 2018, a questão estava aparentemente superada, depois que o Tribunal Federal, a mais alta instância judicial da Malásia, decidiu que o acordo do pai e da mãe é necessário para a conversão religiosa de menores. 

Mas casos como o de Loh continuam acontecendo e as autoridades são frequentemente acusadas de não aplicar a lei por medo de serem vistas como "não-islâmicas".

Grupos humanitários dizem que a maioria dos casos não é registrada, tornando-se conhecida somente quando um dos pais vai ao tribunal. 

"Eles continuam me colocando obstáculos, por que fazem isso?", perguntou Loh, que é mestiça, com pai de origem chinesa e mãe de origem indiana.

- "Poder e controle" -

Grupos humanitários disseram à AFP que maridos abusivos ou controladores geralmente são denunciados em casos de conversão unilateral, embora não haja evidências suficientes para estabelecer um vínculo definitivo. 

"O que está claro é a privação de direitos de um dos pais quando isso acontece", afirmou Lillian Kok, da Women's Action Society. "É uma questão de poder e controle". 

A saga de Loh ainda não acabou. Seus advogados contestam a conversão de seus filhos no tribunal, alegando que foi inconstitucional. Mas para alguns muçulmanos conservadores, não tem como voltar atrás agora que os menores já se converteram. 

O advogado de Loh, A. Srimurugan, disse que a melhor maneira de impedir as conversões é o governo proibir a prática em vez de deixá-la para os tribunais. No entanto, duvida que o governo o faça por medo de perder o apoio de alguns muçulmanos. 

"Em casos como este, as vítimas finais são as crianças", ressaltou.

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