24 outubro 2024

Realidade Mista: o futuro do metaverso na saúde

24.10.2024
Do portal FUTURO DA SAÚDE, 23.10.2024
Por Fabricio Campolina

Em seu novo artigo, Fabricio Campolina explora as aplicações da realidade mista na área da saúde e traz casos de uso


Quando surgem novas tecnologias, passada a empolgação inicial, é comum que algumas delas caiam em desuso. Outras, por sua vez, passam por um processo de oscilação. Vão e voltam, para só depois se consolidar. É a chamada “curva de adoção da inovação”, onde o metaverso parece estar. O grande impulsionador desta volta tem sido o avanço da realidade mista por meio de dispositivos mais acessíveis, como o Meta Quest 3, assim como o espírito empreendedor de profissionais de saúde na busca por melhores padrões de cuidado e de mais acesso para pacientes em todo o País.

A realidade virtual (RV), na qual imergimos em um mundo totalmente digital, também tem avançado em áreas como educação continuada. Recentemente, o Hospital Israelita Albert Einstein1 incorporou ao seu programa de residência em ortopedia módulos de treinamento com o uso de realidade virtual. Com a simulação de um centro cirúrgico, o residente tem a oportunidade valiosa de repetir inúmeras vezes um procedimento e, assim, fixar os passos cirúrgicos em um ambiente, completamente seguro.

Avaliando o impacto disso no “mundo real”, um estudo clínico randomizado, duplo cego, publicado no Annals of Surgery2, concluiu que as habilidades adquiridas com o treinamento por meio de realidade virtual podem ser transferidas para o centro cirúrgico. Os residentes que treinaram com VR tiveram seis vezes menos erros ao realizar uma colecistectomia, do que aqueles que apenas realizaram o treinamento tradicional (1,19 vs. 7,38 erros por caso; .

Estudante de Medicina do Ensino Einstein, Felipe Azevedo, testa óculos de realidade virtual (Hospital Israelita Albert Einstein/Divulgação)

Mas a grande novidade vem da realidade mista, com relatos promissores de sua aplicação em cirurgias de alta precisão.

A tecnologia foi utilizada no Hospital Sírio-Libanês de Brasília durante uma cirurgia para remoção de tumor no pulmão, proporcionando aos cirurgiões uma visualização anatômica mais detalhada. Em Santa Catarina, o dispositivo Apple Vision Pro permitiu o acesso a imagens de ressonância magnética durante uma cirurgia de artroscopia de ombro.4 Finalmente, no Hospital de Amor em Barretos, equipes cirúrgicas de colorretal têm usado o Quest 3 para incorporar a realidade mista em sua rotina, buscando melhorar o padrão de cuidado para os pacientes.

Dr. Luis Romagnolo realiza cirurgia colorretal usando recurso de realidade mista. (Hospital de Amor/ Divulgação)

O uso de hologramas para educação continuada também  parece extremamente promissor, e o projeto pioneiro da Dra. Giselle Coelho ilustra este potencial 5.   Em um modelo piloto, um  holograma do Prof. Benjamin Warf, referência mundial da área, orienta o residente médico a fazer o procedimento de neuroendoscopia cerebral em um boneco simulador. Além disso, a Dra. Giselle realizou a primeira holoportação intercontinental (Boston- São Paulo) em dezembro de 2023, onde recebeu a orientação para uma cirurgia simulada em tempo real do professor Warf, que estava em Boston. A holoportação deve ganhar escala  nos próximos anos à medida que haja uma redução de custos para a implantação desta tecnologia.

Dra. Giselle Coelho ao lado do Holograma do Dr. Benjamin Warf (EDUCSIM/Divulgação)

E o metaverso? Bom, ainda que discretamente, ele tem progredido na área da saúde. Tecnologias como realidade virtual, realidade mista e até mesmo holoportação demonstram o potencial desse “universo”. Em um futuro próximo, acredito, essas ferramentas estarão cada vez mais integradas à rotina de centros cirúrgicos e programas de formação médica, impulsionando avanços significativos nesses campos.

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Fonte:https://futurodasaude.com.br/realidade-mista-fabricio-campolina/

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