28 janeiro 2025

Filha de sobreviventes do Holocausto diz que nazismo foi naturalizado

28.01.2025
Do portal da Agência Brasil, 27.01.25.
Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil 

 Libertação do campo de extermínio de Auschwitz completa 80 anos


No 80º aniversário da liberação de prisioneiros do campo de extermínio de Auschwitz, Clara Levin Ant, filha de judeus poloneses sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, entende que o nazismo continua a existir com alguma força e cita o crescimento de núcleos neonazistas pelo mundo e até no Brasil. Clara adverte que o nazismo, o neonazismo, o uso de símbolos e gestos nazistas e o antissemitismo são crimes no Brasil e devem ser punidos. “O maior drama que nós estamos vivendo é que foi naturalizado.”

“O antissemitismo, tal como o racismo, é crime no Brasil. É preciso deixar isso claro que para que volte a estar na pauta do dia a dia das pessoas o receio de que, quando se faz um gesto, participa de uma manifestação ou defende uma ideia nazista ou o antissemitismo, saiba que vai ser punido pela lei. Não dá pra ignorar, não dá pra fingir que a lei não existe”, frisa a boliviana radicada no Brasil 

Nesta segunda-feira (27), quando eventos em diversas partes do mundo lembram os 80 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, sob domínio do regime nazista pelas tropas soviéticas, durante a Segunda Guerra Mundial, os veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) – Agência Brasil, Rádio Nacional e TV Brasil – conversaram com Clara Ant, que atualmente é assessora especial da Presidência da República brasileira.  

Neonazismo

Clara percebe as manifestações neonazistas como tentativas de apagar na humanidade as ações contra o nazismo. “Estamos em um momento, em um mundo que parte da política, da humanidade, dos que lideram é destrutiva, predadora da cultura, do pensamento, da humanidade no seu significado mais pleno.”

Sobre o gesto feito duas vezes pelo bilionário sul-africano Elon Musk, de bater com força no peito com a mão direita e estender enfaticamente o braço, após a cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no último dia 20, Clara Ant entende que foi uma saudação nazista inequívoca.

“A chave disso é a desinformação cultivada pela extrema-direita e seus líderes que trabalham para desinformar e para impedir que as pessoas tenham discernimento. De um lado, eles falam com quem vai gostar do gesto e, de outro lado, fingem um ‘não é comigo’, para ninguém ficar informado de que aquilo tem a ver com a maior tragédia da humanidade, o nazismo.”

Ela enfatiza que deve haver um esforço contra a desinformação a respeito do Holocausto. Clara aponta o resgate da verdadeira história do povo africano no Brasil graças à educação e a leis nacionais como o Estatuto da Igualdade Racial de 2010, e a lei das cotas raciais. “A desinformação que existia sobre a escravidão, hoje, tem uma barreira no conhecimento. Acho que a mesma coisa tem que ser amplificada no que diz respeito ao neonazismo e ao antissemitismo. Ambos são crimes na lei brasileira.”

Clara explica que as atitudes neonazistas não podem ser acobertadas. “A gente não pode deixar passar pano nos recados como daquele período [a Segunda Guerra Mundial]. Todos os dias, temos que estar alertas pela democracia, porque a preservação dela é a melhor maneira de impedir que o racismo, o nazismo, o antissemitismo venham a vingar em algum país.”

A ativista ainda defende que seja feito um trabalho de conscientização para o combate à intolerância religiosa que persegue judeus no Brasil.

Os pais de Clara Ant se conheceram refugiados no Cazaquistão e se casaram em 1944. Em 1945, tiveram a primeira filha na Alemanha oriental. Os três fugiram com outros sobreviventes do Holocausto para a Bolívia, onde, em 1948, Clara Ant nasceu. E aos 10 anos veio morar no Brasil. A terceira filha já nasceu no país. As três fazem parte da primeira geração do pós-Guerra.

E neste dia de preservação das memórias das vítimas do Holocausto, Clara Ant relembrou relatos de parentes sobre os horrores da Segunda Guerra, na Polônia. Somente o pai perdeu cerca de 41 familiares em uma mesma cidade da Polônia. Aos 14 anos, a mãe dela diz ter visto cidadãos serem fuzilados e enterrados em uma vala comum.

Histórias de mortes e desaparecimentos nas famílias paterna e materna que a própria classifica como sendo de um período de sombras.

A família de Clara Ant fugiu com outros sobreviventes do Holocausto para a Bolívia, depois veio para o Brasil Foto- Clara Ant/Arquivo pessoal

Em oposição, Clara compartilha os exemplos de solidariedade que salvaram muitos judeus durante o conflito mundial e após o Holocausto. Ela também afirma ser testemunha da fase luminosa de criação da cultura antinazista nas pessoas. “O cinema, o teatro, a literatura, os debates condenavam este período do nazismo. Então, foi criada uma cultura universal contra o fascismo. Tudo era para impedir a volta do nazismo.”

Em sua trajetória no Brasil, a arquiteta é uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na vida política, a ativista pelos direitos humanos e pela democracia foi deputada estadual constituinte, em São Paulo, e assessora desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando atuou na estruturação e implementação do programa Fome Zero.

Ela se recorda da reunião, em 2004, no Palácio do Planalto do presidente Lula com lideranças estrangeiras e brasileiras da comunidade judaica para pedir apoio para adoção do dia 27 de janeiro como data internacional em memória das vítimas do Holocausto. Segundo Clara, neste mesmo dia, Lula subscreveu a petição dirigida à ONU. A partir de 2006, foram registrados os primeiros eventos em celebração à data no Brasil.

Clara conta que, em 2010, o presidente Lula escolheu a primeira sinagoga das Américas, Kahal Zur Israel, em Recife, fundada no século XVII, para homenagear as pessoas assassinadas no holocausto.

Em 2008, houve o encontro do presidente brasileiro com o então presidente de Israel, Shimon Peres, na embaixada do Brasil em Pequim, China. 

80 anos da libertação de Auschwitz

No momento da libertação do campo de extermínio de Auschwitz do domínio nazista pelo Exército Vermelho, durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 7 mil prisioneiros foram libertados, em janeiro de 1945.

Auschwitz é considerado o maior dos campos de extermínio da história e a queda dele é entendida como marco da derrota do nazismo. Estima-se que entre 1,1 milhão e 1,3 milhão de pessoas foram assassinadas ali, a maioria judeus.

O 27 de janeiro foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2005 como Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o genocídio cometido pelos nazistas alemães e que matou sistematicamente, entre 1939 e 1945, 6 milhões de judeus, ciganos, homossexuais, comunistas, negros, pessoas com deficiência, entre outros grupos considerados racialmente inferiores pelos adeptos do líder do Partido Nazista, Adolf Hitler.

Anualmente, a data reúne sobreviventes, autoridades e representantes da sociedade civil com o objetivo de manter viva a memória das vítimas; lembrar a tentativa de extermínio, sobretudo, do povo judeu; outros crimes cometidos no período; além de prevenir que estes eventos do século XX se repitam.

No Brasil, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) postou em sua rede social sobre a importância de manter viva a memória deste capítulo da história da humanidade. “Lembrar não é apenas um ato de resistência, é um compromisso com a vida.” E acrescentou que o antissemitismo (preconceito e discriminação contra judeus) é racismo.

No Holocausto, a maioria dos assassinatos ocorreu em campos de concentração, projetados para trabalho escravo e extermínio em massa, por meio de fuzilamento e câmaras de gás. Majoritariamente no leste da Europa, os nazistas estabeleceram cerca de 15 mil campos e subcampos de concentração nos países ocupados pela Alemanha Nazista. 

Regulamentação do Sandbox Inovação na ANS: Novos Caminhos para a Saúde Suplementar

28.01.2025
Postado por Irineu Messias


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a criação de uma norma para regulamentar a utilização de um sandbox regulatório, visando fomentar a inovação no setor de saúde suplementar. A proposta, aprovada por unanimidade pela Diretoria Colegiada da ANS, será submetida a consulta pública para receber contribuições da sociedade.

1. Objetivo do Sandbox Regulatório

Ambiente Controlado para Testes: A norma visa criar um ambiente controlado e com prazo estipulado para que planos de saúde possam testar propostas inovadoras.

Impacto Positivo: O objetivo é gerar reflexos positivos na concorrência e na qualidade do setor suplementar, além de viabilizar experimentos que beneficiem a sociedade.

2. Processo de Consulta Pública

Período de 45 Dias: A consulta pública ficará aberta por 45 dias após a publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Análise de Impacto Regulatório (AIR): A ANS realizará uma Análise de Impacto Regulatório para avaliar os efeitos da proposta.

3. Contexto e Histórico

Proposta em Discussão há 1 Ano: O tema do sandbox regulatório já era discutido pelo diretor-presidente da ANS, Paulo Rebelo, há pelo menos um ano.

Modelo de Plano de Saúde com Coordenação do Cuidado: Uma das propostas é testar um novo modelo de plano de saúde com foco na coordenação do cuidado, avaliando seu impacto por dois anos.

4. Inspiração Internacional

Financial Conduct Authority (FCA): O conceito de sandbox regulatório foi proposto em 2015 pela FCA, órgão regulador financeiro do Reino Unido, para acelerar a chegada de inovações ao mercado.

Adoção por Outros Órgãos Reguladores: A ANS dialogou com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que já adotaram o sandbox regulatório em seus setores.

5. Justificativa para a Inovação

Necessidade de Soluções Inovadoras: Após mais de duas décadas de regulação do setor de saúde, práticas inovadoras podem trazer soluções que atendam às necessidades da sociedade.

Evolução da Sociedade: A sociedade está cada vez mais consciente de seu bem-estar e qualidade de vida, demandando novos modelos, produtos e serviços disruptivos para melhorar a assistência à saúde.

6. Próximos Passos

Consulta Pública: A proposta será submetida a consulta pública para receber comentários e sugestões da sociedade.

Implementação: Após a consulta e a análise de impacto, a ANS definirá os próximos passos para a implementação do sandbox regulatório.

A iniciativa da ANS representa um avanço significativo na busca por soluções inovadoras para o setor de saúde suplementar, com o potencial de melhorar a qualidade dos serviços e promover a concorrência saudável.

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27 janeiro 2025

DeepSeek: A Nova Força na Corrida Global pela Inteligência Artificial

27.01.2025

A corrida global pela liderança em inteligência artificial (IA) tem um novo protagonista: a startup chinesa DeepSeek. Seu modelo mais recente, o DeepSeek R1, está chamando a atenção de especialistas e investidores devido à sua eficiência, baixo custo e código aberto, conforme reportado por Giuliano Guandalini no Brazil Journal. A empresa está desafiando as gigantes da tecnologia americanas, especialmente a OpenAI, criadora do ChatGPT.

Marc Andreessen, fundador da Andreessen Horowitz e aliado de Elon Musk, elogiou o DeepSeek em uma postagem no X: “O DeepSeek é um dos avanços mais impressionantes que eu vi em toda minha vida – e é open source, uma enorme dádiva para o mundo.” Essa declaração reflete o impacto que o modelo chinês está causando no setor, especialmente por sua habilidade de rivalizar com sistemas desenvolvidos por empresas americanas, mas com uma fração dos recursos necessários.

Um Modelo que Faz Mais com Menos

Enquanto gigantes como a Meta investem centenas de milhões de dólares em capacidade computacional, a DeepSeek desenvolveu seu modelo com um custo de apenas US$ 6 milhões. Chris Nicholson, investidor da Page One Ventures, destacou: “O número de companhias que têm US$ 6 milhões para gastar é enormemente maior do que aquelas que têm US$ 100 milhões ou US$ 1 bilhão.” Essa eficiência está sendo vista como um divisor de águas no setor, permitindo que empresas menores possam competir no campo da IA.

A DeepSeek utilizou 2 mil chips Nvidia, modelo H800, adaptados para atender às restrições impostas pelo governo dos EUA à exportação de tecnologia avançada para a China. Mesmo com hardware menos potente do que o utilizado por empresas americanas, a startup conseguiu treinar um modelo que rivaliza com os mais avançados do mercado.

A Abordagem de Código Aberto

O sucesso da DeepSeek não se limita à eficiência técnica. O modelo R1 está disponível na plataforma Hugging Face, sob licença do MIT, permitindo que desenvolvedores ao redor do mundo contribuam para seu aprimoramento. Essa abordagem de código aberto é vista como uma forma de contornar as restrições políticas e comerciais impostas pelos EUA à China.

Satya Nadella, CEO da Microsoft, classificou o modelo como “super impressionante” e “super eficiente em computação.” Ele alertou: “Precisamos levar muito, muito a sério o que está acontecendo na China.” Essa declaração reflete a preocupação das empresas americanas com o avanço tecnológico chinês, que continua a ganhar espaço mesmo diante das barreiras comerciais.

Sam Altman, CEO da OpenAI, minimizou o feito da DeepSeek em um post no X: “É (relativamente) fácil copiar algo que você sabe que funciona. É extremamente difícil fazer algo novo e arriscado quando você não sabe se vai funcionar.” Apesar do ceticismo, o avanço chinês sugere que a competição na área de IA está longe de ser unilateral.

A Origem da DeepSeek

Fundada em 2023 como um desdobramento da High-Flyer, uma empresa chinesa de investimento quantitativo, a DeepSeek nasceu com um propósito claro: democratizar o acesso à IA de ponta. Com US$ 8 bilhões sob gestão, a High-Flyer investiu pesadamente em supercomputadores e IA, inicialmente para negociação de ativos, mas logo expandiu seu escopo.

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Sobrevivente do holocausto: é preciso denunciar apologias ao nazismo

27.01.2025
Do portal da Agência Brasil, 26.01.25
Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil*

Cerimônia no Rio celebrou dia em memória das vítimas do regime

Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2025 – Ato pelos 80 anos da libertação de Auschwitz e em memória das vítimas do Holocausto, no Palácio da Cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil© Fernando Frazão/Agência Brasil

Rolande Fichberg deixou a Europa quando tinha 7 anos. De família judia, perseguida pelo regime nazista, ela é uma das sobreviventes do holocausto, que matou 11 milhões de pessoas, sendo 6 milhões, judeus. Aos 85 anos, ela assistiu o empresário bilionário norte-americano Elon Musk reproduzir o gesto do regime que foi responsável pela morte de muitos de seus familiares. Para ela, isso não pode passar incólume.

“Não era meu desejo assistir um ato igual àquele, o levantamento de um braço no sinal, a apologia ao nazismo, já que eu luto tanto contra isso. Mas isso acontece e a gente tem que combater. E é bom denunciar, é bom todo mundo saber que não passou despercebido, que aconteceu e que as pessoas tomaram até sua posição”, defendeu.

“A gente tem que se importar sim com tudo que acontece, denunciar e mostrar a nossa indignação”.
Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2025 – Rolande Fichberg, sobrevivente do Holocausto, no ato pelos 80 anos da libertação de Auschwitz e em memória das vítimas, no Palácio da Cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Neste domingo (26), Rolande Fichberg participou de cerimônia em homenagem às vítimas do regime nazista e pela passagem dos 80 anos da libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O evento, no Palácio da Cidade do Rio de Janeiro, marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, celebrado nesta segunda-feira (27), implementado por meio de resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2005.

Auschwitz foi uma rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia em áreas anexadas pela Alemanha Nazista. É considerada o maior símbolo do holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945. Apenas em Auschwitz foram mortas aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. Além dos judeus, minorias como pessoas LGBTI+, ciganos, pessoas negras, pessoas com deficiência, entre outras, foram também perseguidas e mortas não somente em Auschwitz, mas também nos demais campos de concentração.

Rolande Fichberg viveu isso de perto. A avó e seis tios foram presos em Auschwitz e morreram ou dentro do próprio campo de concentração, ou não conseguiram sobreviver às sequelas deixadas. “Muitos morreram sem saber por que, pelo simples fato de serem judeus e mais os 5 milhões que não eram judeus e que muitas vezes talvez nem soubessem por que estavam nessa situação”, relembra.

O evento no Palácio da Cidade, sob o tema 80 anos depois: Memória, Resistência e Esperança, foi uma ação colaborativa entre o vereador Flávio Valle e a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ) e com apoios da Prefeitura, e da Confederação Israelita do Brasil (Conib). A cerimônia reuniu autoridades, sobreviventes do Holocausto e seus descendentes, políticos e autoridades eclesiais.

Em discurso, o Secretário Municipal de Cultura, Lucas Padilha, também defendeu que apologias ao nazismo não podem ser aceitas atualmente. “Na internet, que a gente saiba exatamente o que os símbolos significam. Que a gente jamais relativize um símbolo nazista em 2025”, disse em discurso na cerimônia.

Preservação da memória

O presidente da FIERJ, Bruno Feigelson, defendeu a importância de se preservar a memória das vítimas, para que o holocausto não seja esquecido e isso não se repita em nenhum lugar do mundo. Ele também ressaltou a importância do Brasil para os judeus.

Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2025 – O presidente da Federação israelita do Estado do Rio de Janeiro, Bruno Feigelson, no ato pelos 80 anos da libertação de Auschwitz e em memória das vítimas do Holocausto, no Palácio da Cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“O Brasil entrou na guerra e lutou contra a atrocidade que foi o Eixo do Mal, compreendido ali na época pela Alemanha Nazista, pela Itália Fascista. A participação do Brasil foi muito importante, inclusive culminou com a libertação dos prisioneiros tanto de Auschwitz quanto de todas as pessoas que estavam ali sendo dizimadas”, disse.

Ele também destacou o papel do Brasil como país que recebeu muitos judeus, como os próprios bisavós. “Se eu estou aqui e tantos outros judeus estão aqui há muitas gerações no Brasil e tanto contribuíram com esse país, é porque o Brasil abriu as portas para que a gente fosse recebido”.

Também presente na cerimônia Cônsul-Geral da República Federal da Alemanha, Jan Freigang, afirmou que a Alemanha assume a responsabilidade pelo holocausto e pela preservação da memória para isso não volte a acontecer.

“A Alemanha reafirma sua responsabilidade inabalável pela ruptura da civilização cometida de forma nunca antes vista, que foi o holocausto. A memória dessa ruptura, seu enfrentamento e construção de uma memória voltada para o futuro é, para nós, uma tarefa permanente”, garantiu.

Segundo Freigang a Alemanha busca combater qualquer forma de antissemitismo, mesmo discordando de posicionamentos de Israel. “A nossa responsabilidade histórica significa que a Alemanha continuará a defender, mesmo em tempos de críticas ao governo israelense, o direito de existência e a segurança do Estado de Israel”.

Ele também chamou atenção para os riscos atuais da disseminação de ideias e ideais extremistas e apologias ao nazismo. “Infelizmente tudo isso está crescendo, tanto off-line quanto on-line, e o on-line é amplificado por algoritmos e até mesmo por indivíduos poderosos com visões extremistas”.

Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2025 – O Cônsul-Geral da Alemanha, Jan Freigang, no ato pelos 80 anos da libertação de Auschwitz e em memória das vítimas do Holocausto, no Palácio da Cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Luta por justiça

Durante a cerimônia, sete velas foram acesas por sobreviventes, autoridades políticas, líderes religiosos e jovens.⁠ Ana Bursztyn Miranda, uma das presas políticas durante a ditadura no Brasil, entre 1964 e 1985, que integra o Coletivo RJ Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, foi uma das pessoas que acenderam uma das velas.

Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2025 – Ana Bursztyn Miranda fala no ato pelos 80 anos da libertação de Auschwitz e em memória das vítimas do Holocausto, no Palácio da Cidade. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 A exemplo da Alemanha, que assume os crimes cometidos, Miranda defendeu, em discurso, a necessidade do Brasil assumir também o que foi feito durante a ditadura.

“A memória do holocausto, felizmente, hoje está consagrada porque o nazismo foi derrotado, o Terceiro Reich foi condenado pela memória histórica. A verdade apareceu, a justiça em grande parte foi realizada em tribunais públicos. Há relatos dos sobreviventes, livros, filmes, palestras, homenagens, como esta de hoje. Não há ruas e logradouros, me parece, na Alemanha com homenagens a nazistas. Houve reparação financeira e moral às vítimas”, disse, acrescentando que, em relação à ditadura, não ocorre o mesmo.

“Nós vamos normalizar, vamos considerar normal? Sessenta anos depois, a ditadura de 64 ainda não terminou, não foi derrotada”, disse.

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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-01/sobrevivente-do-holocausto-e-preciso-denunciar-apologias-ao-nazismo

24 janeiro 2025

A Conexão Entre Trump e o Vale do Silício: Um Novo Capítulo Conservador

 24.01.2025

O Vale do Silício, nos EUA, tem se alinhado com Donald Trump e sua corrente política, MAGA (“Make America Great Again”). O vice-presidente eleito, J.D. Vance, do Partido Republicano, é um ex-investidor de capital de risco com laços profundos no meio tecnológico conservador, o que incentivou várias figuras importantes do setor a declararem apoio a Trump. Inicialmente, Elon Musk prometeu centenas de milhões de dólares para a campanha, mas depois lançou um site de registro de eleitores, validado pela justiça, coletando dados para a campanha de Trump. Outros investidores, como Marc Andreessen e David Sacks, também se comprometeram.


Essa mudança contraria a imagem do setor como um bastião de libertários e liberais da “costa esquerda”, mas não é novidade que há poderosos conservadores no Vale do Silício. Na verdade, eles estão presentes na região muito antes do silício. Contudo, a imprensa deixou passar um ponto importante: Trump não apenas atrai bilionários da tecnologia, mas também se tornou um deles.


O início da campanha de Trump em 2016 deve muito ao magnata da tecnologia Peter Thiel, ex-aluno da Universidade de Stanford, que fez uma aposta ousada ao apoiar o ex-astro de reality shows. Durante sua passagem por Stanford, Thiel era um conservador questionador, inserido em um ambiente de direita que, posteriormente, Hillary Clinton acusou de tentar derrubar seu marido. À medida que se destacava no mundo das empresas de tecnologia, Thiel trouxe consigo sua rede centrada em Stanford. Depois de enriquecer com o PayPal, ele se tornou membro do conselho do Facebook e da Instituição Hoover, que serviu como plataforma para suas teorias políticas.


Thiel considerou Trump um “investimento de longo prazo”, e sua aposta se mostrou acertada. Ele organizou uma reunião entre Trump e os principais nomes do Vale do Silício, o que levou as empresas da região a se tornarem contratadas do governo, um papel antes ocupado por gigantes como Verizon e Boeing. Nessa reunião, Trump prometeu que ajudaria a indústria de tecnologia a prosperar, o que resultou em uma "bolha de tecnologia que nunca estoura", segundo o New York Times.


Nick Bilton, da Vanity Fair, observou que os líderes pró-Trump do Vale do Silício se concentram em políticas que afetam diretamente seus interesses, como tributação e regulação. Trump viu que os magnatas da tecnologia estavam gerando lucros e decidiu entrar no jogo com sua própria marca de NFTs. Após a tentativa de golpe em 6 de janeiro de 2021, Trump já estava mudando seu foco. Ele se tornou um empresário de tecnologia, com sua rede social Truth Social, que se lançou no mercado de ações em 2024, contribuindo significativamente para sua fortuna.


Trump se encaixa perfeitamente no perfil de um bilionário da tecnologia. Inicialmente desinteressado em criptomoedas, ele acabou adotando o tema e foi a atração principal de uma conferência Bitcoin em 2024. Thiel assegurou aos participantes que a mineração de bitcoin "floresceria" em um segundo mandato de Trump, encorajando o apoio do setor ao Partido Republicano.


Para se alinhar com os oligarcas da tecnologia, Trump não precisou aprender a diferença entre silício e silicone. Apesar da imagem de gênios da ciência, muitos líderes do setor são, na verdade, astutos como Trump. Sacks, um dos maiores apoiadores de Trump, investiu em uma startup de saúde digital que enfrenta acusações de operar uma distribuidora irregular de anfetaminas.


Mesmo com seu histórico controverso, Trump não é o primeiro superconservador a ter vínculos com o Vale do Silício. Herbert Hoover, o primeiro presidente dos EUA oriundo da região, ajudou a transformar Stanford em uma força do conservadorismo americano. Hoover, engenheiro de minas, utilizou sua rede para implementar seus projetos políticos e, após sua presidência, construiu uma fortaleza do conservadorismo no campus.


Stanford se especializou em formar engenheiros ricos que transitam entre a indústria e a política conservadora. Figuras como David Packard, cofundador da Hewlett Packard, e William Schockley, inventor do transistor, exemplificam essa conexão. A história da Califórnia está repleta de personalidades que, como Larry Ellison, da Oracle, também se envolveram em questões políticas conservadoras.


Os planos de Hoover para um mundo de direita, liderado pelos EUA, têm se mostrado bem-sucedidos ao longo do último século. Hoje, os líderes do Vale do Silício estão a poucos graus de distância desse legado. Ronald Reagan e George W. Bush, por exemplo, recrutaram figuras proeminentes da região para seus governos, solidificando a relação entre tecnologia e conservadorismo.


Embora o Partido Democrata tenha raízes no Vale do Silício, a surpreendente adesão de líderes do setor a Trump revela que, há mais de um século, o interesse econômico privado foi moldado em uma filosofia política conservadora. Os conservadores da tecnologia não são libertários; eles acreditam que o estado deve trabalhar para eles. E qual a melhor forma de garantir isso do que se tornar presidente?


Donald Trump se adaptou ao setor de tecnologia, agora não apenas como um espectador, mas como um verdadeiro representante. Ele é um avatar do Vale do Silício, independentemente de sua experiência com computadores.

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Leia Mais:


O caso de amor entre Trump e as big techs

17 janeiro 2025

Reajuste de servidores do Executivo será pago após sanção do Orçamento

17.01.2025

Do portal da Agência Brasil, 16.01.25

Por Luiz Cláudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil

Novos valores são válidos a partir de 1º de fevereiro 

Os salários com reajustes da maioria das categorias de servidores do Poder Executivo Federal serão pagos após a sanção da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025. A legislação vai ser apreciada e votada pelo Congresso Nacional, o que é previsto para fevereiro. Os reajustes, acordados entre o governo e as categorias, são válidos a partir de 1º janeiro deste ano. 

A Medida Provisória 1.286 , que definiu os reajustes salariais, foi publicada no dia 31 de dezembro do ano passado no Diário Oficial da União (DOU). Ocupantes de funções e de cargos comissionados também foram contemplados pela medida, mas são válidos a partir de 1º de fevereiro. 

O reajuste médio acumulado dos servidores até 2026 será de  27%, percentual que inclui os  9% concedidos em 2023, após acordo celebrado na  mesa de negociação. 

Orçamento

Neste ano, a recomposição salarial terá impacto primário de R$ 16,2 bilhões nos gastos com pessoal do Executivo. Esse valor está previsto no projeto de lei do Orçamento encaminhado ao Congresso Nacional em 2024. Em 2026, deve ser de aproximadamente R$ 8 bilhões. 

No ano passado, o relator do Orçamento de 2025 (PLN 26/24), senador Angelo Coronel (PSD-BA), anunciou que a votação ficou para fevereiro em vista das alterações no texto provocadas pela aprovação dos projetos de ajuste fiscal e da promulgação da nova Emenda Constitucional que altera o abono salarial.

“Valorização”

Segundo a ministra da Gestão, Esther Dweck, a recomposição salarial dos servidores faz parte de um processo mais amplo de mudanças em prol da valorização e reconhecimento de profissionais.

“Reativamos a mesa de negociação após sete anos desativada, e muitos servidores ficaram de quatro a seis anos sem nenhum reajuste”, disse a ministra em entrevista coletiva no final do ano passado.

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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-01/reajuste-de-servidores-do-executivo-sera-pago-apos-sancao-do-orcamento

16 janeiro 2025

AGU Notifica PF Para Investigar Disseminação De Fake News Sobre Taxação Do Pix

16.01.2024

Do portal MSN NOTÍCIAS

A Advocacia Geral da União (AGU) notificou a Polícia Federal para investigar a disseminação de fake News sobre a suposta taxação do Pix. O órgão também acionou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) para investigar comerciantes que cobram preços abusivos ao diferenciarem pagamentos via Pix e em dinheiro. 

O advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou que fake news geraram desinformação, prejudicando comerciantes e cidadãos, e pediu abertura de inquérito para identificar os responsáveis. Entre os crimes está a falsidade ideológica, com uso de mensagens falsas e símbolos da Receita Federal, Ministério da Fazenda e governo federal para cobrar falsos impostos. 

Messias também solicitou que a Senacon e os Procons estaduais promovam campanhas educativas para esclarecer a população sobre o uso do Pix e evitar novos golpes. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a disseminação de fake news sobre o Pix fortalece organizações criminosas. “A AGU foi envolvida para tomar providências judiciais contra os golpistas. 

Quem está divulgando fake news está patrocinando organizações criminosas no país, que estão atuando, mandando boleto para a casa das pessoas, cobrando a mais indevidamente, dizendo que estão sendo taxados.

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15 janeiro 2025

ANS divulga a 7ª edição do Panorama – Saúde Suplementar

15.01.2025

Publicação traz análises de dados do 3º trimestre de 2024 e informações atualizadas até outubro


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulga nesta sexta-feira, 27/12, a 
7ª edição do Boletim Panorama - Saúde Suplementar, com dados sobre o comportamento do setor de planos de saúde referentes ao 3º trimestre de 2024, já contemplando também algumas informações atualizadas até outubro deste ano. 

A terceira edição de 2024 da publicação destaca o crescimento de planos odontológicos: nos últimos 10 anos, foi observado um crescimento de 71,59% do número de consumidores neste mercado. Com 34,1 milhões de beneficiários em outubro de 2024 e 196,2 milhões de procedimentos realizados no ano de 2023, observa-se a importância crescente desse segmento dentro da saúde suplementar. 

A cobertura odontológica é oferecida por todas as modalidades de operadoras, seja em planos exclusivamente odontológicos, seja em planos de assistência médica que incluem essa segmentação assistencial. A análise da ANS sobre os dados aponta que mais de 50% dos procedimentos odontológicos registrados consistem em consultas iniciais e procedimentos preventivos. No 3º trimestre de 2024, estes 2 grupos foram responsáveis por 60,3% da produção odontológica do setor. 

O Panorama é elaborado com base em dados enviados pelas operadoras de planos de saúde a sistemas de informação da ANS, tais como o Documento de Informações Periódicas (DIOPS), Padrão de Troca de Informações em Saúde Suplementar (TISS), Sistema de Informações de Beneficiários (SIB) e Sistema de Informação de Produtos (SIP). 

Confira abaixo mais detalhes da 7ª edição do boletim Panorama - Saúde Suplementar

Na seção Beneficiários de planos de saúde, é possível verificar um aumento de 1,7% no número total de beneficiários para planos de assistência médica, entre outubro de 2023 e outubro de 2024, sobretudo nos planos coletivos empresariais com assistência médico-hospitalar; e 7,1% para planos exclusivamente odontológicos. 

Em Assistência à saúde, o boletim apresenta a análise da frequência de utilização de consultas, exames, terapias, internações, outros atendimentos ambulatoriais e procedimentos de odontologia, no 3º trimestre de 2024, além de uma comparação com o mesmo período de 2023. A utilização dos serviços de saúde considera o número de procedimentos realizados por pessoa. Os exames ambulatoriais apresentaram uma queda significativa no 3º trimestre de 2024. Pela primeira vez desde 2021, a utilização de serviços médico-hospitalares por beneficiário voltou ao que era observado em 2019. 

As despesas médias para internações apresentaram, no 3º semestre de 2024, um aumento de 26,8% em relação ao ano base 2019. As variações de despesas das consultas médicas, de Serviços Profissionais e Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SP/SADT) se comportaram com tendência de elevação a partir de 2019, atingindo em 2024 um incremento de 30,6% e 31,9%, respectivamente. 

Na seção Utilização da rede SUS por beneficiários, há dados sobre internações e procedimentos de alta complexidade realizados por usuários de planos de saúde no sistema público, assim como valores cobrados e efetivamente pagos pelas operadoras, com destaque para o repasse de R$ 673,54 milhões ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) até novembro de 2024. 

A publicação também mostra o Cenário econômico-financeiro do setor por meio de indicadores de resultado da saúde suplementar na operação médico-hospitalar. Os dados são apresentados em valores nominais (não ajustados pela inflação do período) ao longo dos últimos quatro anos, segregados entre resultado operacional, resultado financeiro e resultado líquido. Nesta edição, observa-se que, no 3º trimestre de 2024, o setor permanece em curva de melhora, com resultado líquido acumulado em 12 meses de R$ 7,7 bilhões, o melhor dos últimos três anos neste recorte. 

Na seção Demandas de consumidores, estão disponíveis informações sobre o acompanhamento mensal feito pela ANS das reclamações registradas em seus canais de atendimento, com dados sobre a natureza das demandas, do Índice Geral de Reclamações (IGR) e da Taxa de Resolutividade das queixas tratadas por meio da medição de conflitos via Notificação de Intermediação Preliminar (NIP). Até novembro de 2024, o volume de reclamações contra operadoras de planos de saúde e administradoras de benefícios cadastradas na Agência tiveram alta de 8% em relação ao mesmo período de 2023. 

Uma análise específica de reclamações de consumidores de planos exclusivamente odontológicos, entre janeiro de 2021 e novembro de 2024, mostra que foram registradas 19.377 queixas deste público nos canais da Agência, o que representa, em média, 1,7% do total de reclamações. 

O Panorama traz ainda uma visão geral sobre Programas e projetos da ANS e Aspectos Normativos e Legais, que colaboram para uma melhor visão de como está o setor de planos de saúde. 

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Fonte: https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/numeros-do-setor/ans-divulga-a-7a-edicao-do-panorama-2013-saude-suplementar

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