06.03.2025
O setor agropecuário norte-americano manifesta descontentamento com as recentes tarifas impostas pela administração Trump, temendo perdas significativas caso o mercado internacional se feche. Produtores alertam que depender exclusivamente da demanda doméstica é inviável e que a taxação da soja pelos EUA pode redirecionar compradores para o Brasil, consolidando-o como alternativa global.
Nesse cenário, o governo brasileiro intensifica esforços diplomáticos para mitigar os efeitos do "tarifaço" estadunidense. Um encontro entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, está agendado para esta quinta-feira (06). A reunião ocorre após Trump citar o Brasil em discurso no Congresso, acusando-o de adotar práticas comerciais "injustas".
Brasil em Ascensão
Enquanto segmentos como o agronegócio chinês sofrem com sanções dos EUA, o Brasil emerge como beneficiário indireto. A China, em retaliação às tarifas norte-americanas, aplicou uma taxa de 10% sobre a soja importada dos EUA, abrindo espaço para que produtores brasileiros ampliem sua participação no mercado asiático. "O Brasil está preparado para suprir a demanda deixada pelos EUA", afirmou um representante do setor.
Caleb Ragland, presidente da Associação Americana de Soja, destacou os riscos para os agricultores locais: "A soja, principal produto de exportação dos EUA, enfrenta impactos severos com a ruptura do fluxo comercial, especialmente para a China, nosso maior comprador". Ele também alertou que produtores brasileiros e de outros países preparam colheitas robustas para capitalizar o vácuo comercial.
Pressão e Diplomacia
O lobby agropecuário dos EUA tentou, sem sucesso, dissuadir a Casa Branca de iniciar uma guerra comercial com a China. A tensão escalou quando Trump sugeriu, em discurso, que os fazendeiros americanos focassem no mercado interno — uma solução rejeitada por exportadores, que argumentam não haver capacidade doméstica para absorver o excedente.
Enquanto isso, o Grupo Montesanto Tavares, envolvido em dívida de R$ 2,1 bilhões, busca recuperação judicial, destacando os desafios do setor mesmo em meio a oportunidades. Na Bahia, a Aiba (Associação de Agricultores) projeta liderança em produtividade de soja, mas aponta necessidade de expansão.
A disputa comercial reforça o papel estratégico do Brasil no cenário global, enquanto os EUA enfrentam dilemas internos entre protecionismo e competitividade internacional.
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