06 junho 2023

Tony Garcia, que antes era amigo de celebridades, se tornou um agente infiltrado e ajudou o juiz Sérgio Moro

06.06.2023

Editado por Irineu Messias*

O empresário e político Tony Garcia teve uma experiência marcante com o juiz Sergio Moro. Após ser preso em 2004 por acusações de gestão fraudulenta no Consórcio Garibaldi, Garcia tornou-se um agente infiltrado para evitar uma longa sentença na prisão. De acordo com suas declarações à TV 247, uma de suas colaborações levou à ascensão de Sergio Moro como um juiz com poderes excepcionais.

Garcia acreditava que se livraria de Moro ao revelar o local onde estava guardado um vídeo comprometedor que supostamente mostrava desembargadores do Tribunal Regional da 4ª Região em uma suíte presidencial do Hotel Bourbon, em Curitiba, acompanhados de garotas de programa. Moro teria informado a Garcia que a colaboração levou à apreensão do vídeo em um endereço em São Paulo, pertencente ao advogado Roberto Bertholdo, mas não detalhou o que foi feito com o material. Embora o advogado de Garcia tenha relatado o fato ao juiz Eduardo Appio, não há registros de que o vídeo tenha sido encontrado nos arquivos da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Com o vídeo em mãos, Moro teria consolidado seu poder no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e liderado um movimento que resultou na aposentadoria compulsória do desembargador Dirceu de Almeida Soares em 2010, que havia sido presidente do tribunal. O vídeo teria transferido para Moro a influência que Bertholdo possuía na corte, conquistada através de lobby, ingressos para eventos importantes e festas com profissionais do sexo. No momento da gravação do vídeo em novembro de 2003, Garcia ainda não estava sob a influência de Moro.

De acordo com Garcia, em 19 de novembro de 2003, Bertholdo providenciou o transporte de desembargadores do TRF-4 em um avião para assistirem a um jogo da Seleção Brasileira em Curitiba. Após o jogo, os desembargadores foram levados ao Hotel Bourbon, onde ocorreu uma festa na suíte presidencial com a presença de prostitutas contratadas por Mirlei Oliveira, uma cafetina que trabalhava para Bertholdo. Garcia, amigo de Bertholdo e presente na festa, afirmou que indicou o local onde o vídeo estava guardado, sem saber que Moro desejava obtê-lo.

Na época, Garcia era conhecido como um empresário bem-sucedido, ex-deputado estadual e três vezes candidato a senador. Ele também tinha relações com celebridades, como Xuxa, e era amigo de personalidades famosas, como Ayrton Senna e Pelé. Em 2018, ele denunciou o governador Beto Richa por sua proximidade com ele.

Apesar de todas essas conexões, Garcia acabou preso por acusações de fraude no consórcio Garibaldi. Ele negociou com Moro para obter colaboração e reduzir ou eliminar sua pena. Na época, ainda não havia regulamentação específica para colaboração com a Justiça, mas Moro adotava essa prática, inspirada nos métodos dos Estados Unidos.

Os advogados de Tony Garcia protocolarão nesta segunda-feira no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) um pedido para revisão do processo que levou à condenação do empresário e político. A defesa alega que existem elementos ocultos que podem comprovar a inocência de Garcia e apontam para a manipulação das provas por parte do juiz Sergio Moro.

De acordo com os advogados, o vídeo mencionado por Tony Garcia em seu depoimento nunca foi apresentado durante o processo, levantando suspeitas sobre o seu desaparecimento. Eles afirmam que Moro utilizou esse vídeo como moeda de troca para consolidar seu poder no TRF-4 e influenciar decisões judiciais.

Além disso, a defesa de Garcia questiona a legalidade do expediente de colaboração com a Justiça utilizado por Moro. Eles argumentam que as práticas adotadas pelo juiz violaram a legislação e provocaram distorções que resultaram em condenações injustas.

Os advogados também mencionam a possível interferência de figuras influentes no caso, como filhos de ministros e a suspeita de compra de um habeas corpus em favor de Tony Garcia. Essas informações não foram devidamente investigadas e podem indicar uma trama mais ampla envolvendo corrupção no sistema judiciário.

Diante dessas alegações, a defesa de Tony Garcia busca uma revisão completa do processo, com a apresentação de novas provas e a reavaliação das decisões tomadas pelo juiz Moro. Eles esperam que a justiça seja feita e que a verdade sobre o caso seja finalmente revelada.

Cabe agora ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região analisar o pedido de revisão e decidir se irá reabrir o caso. Enquanto isso, Tony Garcia aguarda ansiosamente por uma oportunidade de provar sua inocência e restabelecer sua reputação, que foi abalada pelas acusações e condenações decorrentes do processo conduzido por Sergio Moro.

Após o pedido de revisão do processo ter sido protocolado, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região iniciou a análise cuidadosa das alegações apresentadas pela defesa de Tony Garcia. O caso despertou grande interesse e gerou intensos debates na comunidade jurídica e na sociedade em geral.

A defesa de Garcia argumenta que a revisão é crucial para esclarecer as supostas irregularidades ocorridas durante o processo original. Eles solicitam a reabertura das investigações, a obtenção de novas evidências e a realização de uma análise imparcial e justa dos fatos.

Enquanto isso, a figura do juiz Sergio Moro tem sido objeto de intensa discussão. Alguns o enaltecem por sua atuação no combate à corrupção, considerando suas ações como essenciais para promover a justiça e a transparência. No entanto, outros questionam seus métodos e apontam possíveis abusos de poder, alegando que ele teria ultrapassado os limites legais e comprometido a imparcialidade do processo.

A sociedade aguarda ansiosamente pelo desenrolar desse caso, que pode ter implicações significativas não apenas para Tony Garcia, mas também para o sistema de justiça brasileiro como um todo. A revisão do processo, se concedida, poderá lançar luz sobre questões importantes relacionadas à investigação, à condução dos julgamentos e à garantia dos direitos individuais.

Enquanto aguardam a decisão do tribunal, os advogados de Tony Garcia estão determinados a lutar pela verdade e pela justiça. Eles continuam reunindo evidências, investigando possíveis interferências e trabalhando arduamente para provar a inocência de seu cliente.

À medida que o processo avança, é essencial que as instituições jurídicas atuem com imparcialidade, transparência e respeito ao devido processo legal. A revisão do caso de Tony Garcia será um teste para a credibilidade do sistema judiciário brasileiro, demonstrando sua capacidade de corrigir possíveis erros e injustiças.

No final, a esperança é que a verdade seja revelada, garantindo assim a justiça e a proteção dos direitos fundamentais de todos os envolvidos. A revisão do processo pode ser um marco importante na busca pela verdade e na restauração da confiança na justiça.

* A partir da reportagem do jornalista JOAQUIM DE CARVALHO, no portal BRASIL247. CLIQUE AQUI para ler a matéria original

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