14.10.2025
Do portal ICLNotícias
Por Valdemar Figueredo
Não estamos diante de uma reedição de candidatura “terrivelmente evangélica” para ocupar a vaga aberta no STF
Não estamos diante de uma
reedição de candidatura “terrivelmente evangélica” para ocupar a vaga aberta no
STF
A Fundação Perseu Abramo lançou em setembro de 2024 uma série de vídeos com depoimentos de cristãos evangélicos que conciliam fé e ação pública. Entre as personalidades entrevistadas, consta o Advogado-Geral da União, Jorge Messias (45 anos).
Os vídeos têm
o objetivo de derrubar preconceitos que vêm sendo alimentados nos últimos anos
por informações falsas. A Fundação Perseu Abramo se incumbiu de produzir
material pertinente para que os integrantes do PT tenham subsídios para
conversar com pessoas evangélicas.
Na coluna desta semana, repercuto
algumas falas do Jorge Messias que explicitam a conciliação da sua experiência
religiosa com a sua atuação política.
Na quinta-feira (09) o Ministro
Luís Roberto Barroso anunciou sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF). Em
todas as listas dos nomes lembrados como principais cotados para substituir o
Barroso, figura o nome do Advogado-Geral da União, Jorge Messias.
Ao final desta leitura, ficará
evidente que não estamos diante de uma reedição de candidatura “terrivelmente
evangélica” para ocupar a vaga aberta no STF.
É recorrente entre os
evangélicos o testemunho de conversão e fé
Jorge Messias nasceu em um lar
cristão, evangélico, e desde menino fez da igreja comunitária, local, extensão
da sua família. Neste ambiente se socializou, cresceu na leitura bíblica e
convivência com os irmãos da fé. Vinculado a uma igreja evangélica tradicional,
batista, seu aprendizado do evangelho, que forjou o seu caráter, teve forte
influência da Escola Bíblica Dominical. Encontros que geralmente ocorrem pela
manhã antes dos cultos dominicais em que as classes são organizadas pelo
critério etário.
Portanto, aprendeu desde menino
que o supremo mandamento é amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Segundo
ele, quem ama, neste Brasil tão desigual, sente o ímpeto para repartir o pão e
atuar para ampliar as oportunidades. Jesus repartiu o pão e orientou para que
não houvesse desperdício com as sobras.
O senso de justiça veio com
a experiência de conversão, declara Jorge Messias. Atinou para a leitura do
Sermão do Monte enquanto um tipo de esboço da ética vivenciada por Jesus que
deve ser internalizada e praticada pelos seus seguidores. Perdoar, andar a
segunda milha, dar a outra face, enxergar os pobres e oprimidos, ter fome e
sede por justiça…
Formação jurídica e valores
O processo formativo a partir dos
ensinamentos de Cristo não colidiram com a sua formação jurídica. Pelo
contrário. Os fundamentos do evangelho que aprendeu coincidiam com a filosofia
do direito que aderiu. Na sua formação, o direito que temos hoje no Estado
Democrático deve ser objetivado em serviços públicos: acesso à saúde, acesso à
educação, acesso à moradia digna, enfim, o amor a Deus leva-nos a olhar para o
próximo, de forma especial para os mais vulneráveis.
A família tradicional cristã
num país profundamente desigual
A família é a base de tudo, tanto
para a formação, quanto para que a gente possa de fato exercer a nossa fé. A fé
sem as obras é morta. Segundo Jorge Messias, o símbolo do compartilhar da mesa
é um momento único onde a gente pode, como família, confraternizar e falar da
palavra de Deus com o gesto do acolhimento e da generosidade. Não negar o pão a
quem precisa deveria ser uma marca distintiva dos seguidores de Jesus.
O atual Advogado-Geral da União
não consegue conceber um mundo sem que a gente possa ter uma visão de justiça
social de combate às desigualdades. Lutar para criar e ampliar oportunidades
sociais é um dever moral. O Brasil ainda é um país profundamente desigual.
Desigualdades entre homens e mulheres, entre etnias, entre regiões do país, etc.
Na percepção de Jorge Messias,
nós não temos como praticar a fé cristã sem olhar para tudo isso ao nosso
entorno. Até porque, o olhar de Cristo para a humanidade é um olhar de
misericórdia. A graça de Deus é um atributo que devemos destacar no nosso cotidiano
com ações tangíveis.
O presidente Lula vai fechar a
igreja
A Fake News que o Lula e o PT vão
fechar igrejas é antiga. Tentaram usar isso na campanha de 1989. Em todas as
campanhas eleitorais posteriores eles requentam a mentira para assustar os
eleitores evangélicos. Foi assim em 2002, 2006 e 2022 contra o Lula. Fizeram
isso também contra a presidenta Dilma nas eleições de 2010 e 2014.
Jorge Messias destaca que uma vez
Lula eleito em 2002, nunca houve na história desse país um aumento tão
significativo de igrejas evangélicas. Não porque o governo tenha promovido tal
crescimento, mas, fica provado que jamais houve qualquer perseguição ou criação
de obstáculos dos governos petistas para que tal expansão ocorresse.
O advogado pernambucano pleiteia
que foi o presidente Lula que criou a lei de liberdade religiosa dando pleno
acesso às muitas denominações evangélicas a regularização frente ao Estado. De
forma prática, essa lei de liberdade religiosa foi uma alteração importante no
código civil que possibilitou a essas igrejas que tivessem condições de ter a
sua situação jurídica regularizada, podendo movimentar a sua vida financeira e
realizar a devida organização contábil.
No relato do Jorge Messias, em
diálogo com os evangélicos, ele acentua que foi o governo Lula que sancionou a
Marcha Para Jesus. Este evento é incluído no calendário Nacional como
celebração do povo evangélico que o fazem com plena liberdade.
Fake News é mentira e a mentira
não é coisa de Deus. Jorge Messias diz que aprendeu na Escola Bíblica Dominical
que a mentira é coisa do diabo. Denuncia que muitos mentirosos penetraram nos
meios evangélicos com o propósito de causar temor e intranquilidade nos
períodos eleitorais.
Cotado para a vaga no STF
Espero que o Jorge Messias seja
de fato o nomeado pelo Presidente da República para assumir a cadeira vaga no
STF deixada pelo Ministro Luís Roberto Barroso, com a devida aprovação da
maioria absoluta do Senado Federal (art. 101, parágrafo único, da CF/1988).
Cidadão brasileiro, pernambucano,
45 anos, notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101 da
CF/1988).
Elencaria outra característica que reputo como virtude indispensável. Ainda que não seja um dos pré-requisito para o cargo de ministro do STF enquanto prerrogativa constitucional: Jorge Messias não é terrivelmente evangélico.
*****
Fonte:https://iclnoticias.com.br/jorge-messias-cotado-para-a-vaga-no-stf-nao-e-terrivelmente-evangelico/
Nenhum comentário:
Postar um comentário